Contracultura, o que é? Contexto histórico, surgimento e movimentos

Contracultura foi um movimento promovido pelos jovens dos anos 1960 e 1970 como forma de mostrar descontentamento com a política capitalista.

Contracultura, o que é? Contexto histórico, surgimento e movimentos

Contracultura é um termo bastante usado para caracterizar o movimento surgido durante as décadas de 1960 e 1970, em sua maior parte, nos Estados Unidos. Autores que se debruçaram no tema, caracterizam este período como de intensa contestação dos valores estabelecidos pela sociedade capitalista.

As manifestações culturais acontecidas neste período eram em sua essência contestadoras e marginais, pelo sentido de estarem na contramão da ordem vigente. Insatisfeitos com a vida, os jovens questionavam e se organizavam em torno de ações fundamentais para a contracultura.

Nesse sentido, esse movimento conhecido como contracultura se interessou mais pelo misticismo do Oriente (budismo e hinduísmo), pelo uso de drogas psicodélicas como forma de expansão da consciência e de manifestações artísticas, como o rock.

Contracultura e o contexto histórico

Após a Segunda Guerra Mundial, a sociedade do ocidente começou a se relacionar com um período que trouxe crescimento econômico, logo após a recuperação de potências mundiais, como Estados Unidos e países da Europa.

O consumismo acelerou em grandes proporções, trazendo um incremento no padrão de vida. Assim, outras classes sociais se beneficiariam, como as classes médias, que desfrutaram de um mercado de consumo de bens e serviços.

Todavia, os jovens dessas décadas começaram a frequentar faculdades e a passar mais tempo nas casas dos pais. Nesse sentido, a indústria cultural era responsável pela grande produção de entretenimento e bens de consumo, que eram consumidos em uma velocidade voraz.

Nesse sentido, a contracultura esteve inserida em um panorama de grandes transformações sociais em todos os âmbitos. Esse salto econômico experimentado trouxe a contracultura e todas as suas manifestações culturais como um grande efeito colateral.

Surgimento

A contracultura surgiu de um conflito de gerações experimentado pelos jovens dos anos 1960. Nesse sentido, a juventude se encontrava cansada dos padrões comportamentais reproduzidos pela geração de seus pais, que parecia apática em meio aos acontecimentos mundiais.

Assim, o movimento de contracultura se caracterizou por ser, em sua essência, questionador. Além do comportamento, questionaram religião, sexo, a família, o casamento, o Estado, a Igreja e tudo aquilo que não aceitavam de forma passiva.

Os jovens da contracultura se caracterizavam pela rebeldia e inconformismo aos governos, ao capitalismo, ao consumismo, aos regimes autoritários (no Brasil, o golpe de 1964) e às guerras (Guerra Fria, Guerra do Vietnã).

Todavia, importavam-se com outros temas, por isso estavam sempre à margem. Trouxeram à tona questionamentos culturais, políticos e filosóficos. Nesse sentido, inseriram ao seu arcabouço assuntos como o feminismo, cultivaram a cultura da paz (oposição às guerras vigentes) e se manifestaram culturalmente com o rock n’ roll e os grandes festivais.

A contracultura funcionou como uma grande contestadora política e social, e lutava contra governos autoritários e contra a opressão social, feita por classe social, gênero e cor. O movimento estudantil foi amplamente transformado e surgiram grupos que lutavam pelos direitos de igualdade.

Movimentos de contracultura

O movimento de contracultura, com seu surgimento na década de 1960, trouxe consigo uma gama de novas percepções de mundo. O conflito geracional inicial, resultou em uma juventude rebelde e contestadora.

Nesse sentido, seu comportamento se traduzia na maneira de falar, de se vestir e de enxergar os problemas políticos e sociais pelos quais passavam. No campo cultural, formas de expressões se destacaram, como o rock.

A quebra de um padrão estético foi visivelmente percebida em manifestações artísticas diferentes, como o cinema, a literatura, as artes plásticas e visuais e, principalmente na música.

Movimento Hippie

Surgiu nos Estados Unidos, em 1960 e caracterizou-se pelo ideal de paz e amor, seguido pelos jovens da época. Além disso, prezavam também pelo o que depois foi chamado de faça amor, não faça a guerra, mostrando o grande antagonismo em relação às guerras.

O marco do movimento hippie e de contracultura foi Woodstock, um festival realizado em agosto de 1969, nos Estados Unidos. Reuniu artistas como Janis Joplin, The Who, Jimmi Hendrix, Grateful Dead e Santana.

Os hippies tinham estilo de vida nômade e pregavam o amor livre e a liberdade sexual. Suas comunidades eram organizadas sob preceitos de não-violência e prezando pela preservação do meio ambiente, sendo até hoje praticada em localidades do mundo.

A contracultura e o punk

O movimento punk teve origem em 1974, fazendo parte de um outro cenário experimentado pela contracultura. Usando o rock como manifestação cultural, contestavam o movimento hippie e a política. Para isso, usaram de ideias anarquistas e socialistas.

Todavia, seu lema era o do faça você mesmo. Os punks prezavam pela individualidade e independência, o que resultou no surgimento de gravadoras independentes e de design e moda feitos artesanalmente.

As bandas que são consideradas como as mais influentes do movimento foram os Ramones, nos Estados Unidos e nomes como The Clash e Sex Pistols, surgidos no Reino Unido. O movimento também chegou ao Brasil, tendo se destacado de maneira contundente em São Paulo.

Contracultura no Brasil

O contexto no qual o movimento de contracultura se instalou no Brasil, apresentava o cenário imposto pelo golpe de 1964, de autoria dos militares. Nesse sentido, o movimento de contracultura brasileiro contestou, principalmente, a ditadura militar.

A década de 1960 registrou um momento cultural que florescia em grande escala no país. Na música, a bossa nova despontava como a nova musicalidade brasileira, tornando-se conhecida em todo mundo.

Contudo, o movimento estudantil também ganhou grandes proporções, e os festivais de música trouxeram novos nomes para a cena cultural. Mesmo com grande repressão e censura à sociedade, as manifestações de contracultura no Brasil se desenvolveram, trazendo a Jovem Guarda e a Tropicália.

Mas, foi mesmo a Tropicália o movimento que mais se assemelhou ao que era praticado nos Estados Unidos. Nesse sentido, nomes como Novos Baianos e Mutantes, foram responsáveis por uma nova roupagem musical e contestadora, além de transmitir uma mensagem contra o consumismo e aos meios de comunicação de massa.

Todavia, a experiência com as drogas de maneira transcendente foi uma marca registrada da geração do desbunde, desdobramento cultural da contracultura. Na literatura, a poesia marginal questionava a ditadura.

Nesse sentido, o cinema novo, inserido por Glauber Rocha, trouxe uma nova proposta estética e narrativa para a sétima arte e grupos como Secos & Molhados ficaram responsáveis por um experimentalismo musical até então não praticado na música popular brasileira.

Então, o que achou da matéria? Se gostou, leia também: Cultura de massa, o que é? Origens, características e indústria cultural.

Fontes: Toda Matéria, Brasil Escola, Brasil Escola, Mundo Educação

 

Escolhidas para você

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.