Eça de Queiroz: Vida, obra, realismo e crítica social

Eça de Queirós (1845-1900) é considerado o mais importante ficcionista do realismo português e um dos maiores em Língua Portuguesa.

Eça de Queiroz: Vida, obra, realismo e crítica social

José Maria de Eça de Queiroz (1845-1900) é considerado o mais importante ficcionista do realismo português e um dos maiores em Língua Portuguesa. Assim, esse escritor influenciou a literatura portuguesa, espanhola e brasileira na primeira metade do século XX.

Contudo, é importante lembrar que, na segunda metade do século XIX, a literatura europeia buscou novas formas de expressão, sintonizadas com as mudanças que ocorriam em outros setores: filosófico, político, econômico e social. Desta forma, todas essas mudanças influenciaram Eça de Queiroz.

Em 1875, publicou sua primeira obra importante, “O Crime do Padre Amaro”, onde fez uma crítica à violenta vida social portuguesa. Do ponto de vista do romance realista, destaca-se na produção de Eça de Queiroz “A Ilustre casa de Ramires” e “A Cidade e as Serras”. No entanto, nas Cidades e as Serras, ele renunciou alguns ideais realistas, segundo alguns críticos.

Biografia

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Arteref

Eça de Queirós nasceu em Portugal no dia 25 de novembro de 1845, em uma casa da Praça Almada, na cidade Póvoa de Varzim. Contudo, pelo fato de seus pais não serem casados, ele nasceu em uma casa de um parente de sua mãe, Francisco Augusto Pereira. Eça era filho de José Maria Teixeira de Queiroz, nascido no Rio de Janeiro, e de Carolina Augusta Pereira d’Eça, nascida em Monção, em 1827.

No entanto, ele foi rejeitado pela mãe e muito provavelmente não desejado pelo pai, seis anos mais velho que ela. Depois de morar com os avós, Eça de Queiroz voltou para casa dos pais que tinham outros filhos. Posteriormente, ele foi mandado para um internato e permaneceu até a sua juventude, quando foi estudar em Coimbra.

Já em Coimbra, começou os estudos no Direito, seguindo os passos de seu pai, com o objetivo de se tornar bacharel. A sua carreira no Direito, no aspecto profissional, não se desenvolveu como o esperado. Por volta de 1866, Eça de Queiroz escreveu alguns contos no estilo romântico próximo ao romanesco.

Terminando a licenciatura em direito, passou a viver em Coimbra, onde exerceu a advocacia e o jornalismo. Foi diretor do periódico “O Distrito de Évora” e colaborou em alguns jornais como: Renascença, A imprensa, Ribaltas e Gambiarras e outros. Em 1875, começou a seguir a carreira diplomática, se tornando cônsul em Cuba, Inglaterra e França.

Eça de Queiroz e Flaubert

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France Culture

A princípio, Eça de Queiroz foi influenciado pelas ideias de Flaubert, Baudelaire e Poe e ingressou em um estilo crítico aos costumes burgueses. Portanto, em sua meta de lutar por uma pátria mais justa, considerou Flaubert o seu mestre. Neste sentido, o estilo mais próximo e concordante com essa meta era o realismo francês.

Assim, os primeiros escritores portugueses a voltar-se contra os costumes burgueses foram Eça de Queiroz e Antero de Quental. Contudo, eles estendiam essa crítica também ao romantismo. O realismo, na crítica ao romantismo, rechaçava sua linguagem, a qual vangloriava feitos do passado e amores pela natureza.

Além disso, o realismo também desprezava o catolicismo e a política. A propósito, para o realismo de Eça de Queiroz e Antero de Quental, a literatura passaria a ser um instrumento útil para a revolução de ideias. Assim, a literatura seria  capaz de mudar o destino de Portugal.

Crítica social

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RTP Ensina

A princípio, Eça de Queiroz foi direcionado para a crítica política que focava para a decadência de Portugal. Assim, em 1871, juntamente com Ramalho Ortigão, deu início a um jornal crítico, intitulado, As Farpas.

Desta forma, o jornal se configurava em um desabafo irônico, que atacava principalmente a política. No entanto, eles utilizavam o sarcasmo como a única via para esboçar a decadência da nação. Além disso, buscavam a justiça e o despertar do espírito revolucionário.

Neste sentido, por meio da ironia e do riso, os autores poderiam lidar com a indignação. Assim, apontavam as características negativas da sociedade portuguesa, como a ignorância e o atraso diante do mundo.

No entanto, além de “farpear” a política, Eça de Queiroz utilizou o espaço para tecer críticas à literatura nacional. Neste sentido, analisava o estado da arte portuguesa descrevendo-a como lenta, repetitiva e antiquada.

Além disso, condenava a inutilidade dos textos que vangloria mulheres idealizadas, em textos sem profundidade. Nessa mesma ótica, criticava também o teatro que, na visão de Eça, era desprovido de qualquer apelo artístico.

Além do mais, no mesmo ano de 1871, Eça de Queiroz e Antero de Quental e outros pensadores, deram início a uma série de conferências no cassino Lisbonense, focada na crítica política e social.

Porém, depois de muitas críticas relacionadas à política e à cultura portuguesa, o governo proibiu a realização das conferências pelo conteúdo antinacionalista. Portanto, o governo alegou que os oradores suscitavam doutrinas e proposições que atacavam a religião e as instituições do estado.

Eça de Queiroz e seu espírito renovador

Hora do Povo

Ao espírito renovador e crítico do escritor, fora atribuída uma relação com a sua memória e infância. Neste sentido, atribuíam o seu sarcasmo ácido a uma infância difícil, no sentido de não ter tido muito afeto da parte dos pais. Porém, essa visão não encontra muita fundamentação pela falta de qualquer referência do escritor sobre sua infância.

Contudo, é mais assertiva a tese que vê que a característica crítica desse autor nasceu no período que esteve em Coimbra. Neste sentido, é no meio intelectual de Coimbra que ele descobriu a evolução filosófica e cultural de outros países. Desta maneira, ele conclui que Portugal estava muito aquém do ritmo artístico e inovador de outras nações.

A partir dessas conclusões começou, juntamente com colegas e amigos, um movimento crítico por meio de sua escrita e de conferências. No entanto, pela sua admiração por escritores de outros países, foi acusado de plágio e até mesmo de não patriota.

Fases e obra de Eça de Queiroz

Wook
  • Primeira fase: Conjunto de artigos e crônicas publicadas na gazeta de Portugal reunida, posteriormente com título de “Prosas Bárbaras”
  • Segunda fase: Basicamente, essa fase traz a crítica social política do escritor. Assim é formada pelas obras: O Crime do Padre Amaro, Primo Basílio e Os Maias.
  • Terceira fase: A princípio, segundo alguns aurores, essa fase corresponde ao pós-realismo. Neste sentido, o escritor busca certa reconciliação com Portugal, as obras que pertence a essa fases são: A Ilustre casa de Ramires e As Cidades e As Serras.

Basicamente, os seus principais contos são: “Singularidades de Uma rapariga Loura”, “O Milhafre”, “A Aia” e “No Moinho”.

Eça de Queiroz morreu em 16 de agosto de 1900. Assim, deixou uma obra volumosa que sugere o retrocesso de Portugal em relação ao resto do contente europeu.

Neste sentido, ódio e amor dirigido a sua pátria foram temas de amplas polêmicas e discussões. A propósito, mesmo tendo uma reconciliação com Portugal em sua última fase literária, a suas melhores obras foram feitas fora de Portugal. Finalmente, não retornando a Portugal, morreu em Paris.

Fontes: Ebiografia, Toda Matéria, Brasil Escola, Sua Pesquisa, Info Escola

Imagens: Projecto Adamastor, Arteref, France Culture, RTP Ensina, Hora do Povo, Wook

Bibliografia:

DANIELA, Diana. Vida e Obra de Eça de Queirós, Toda Matéria, em https://www.todamateria.com.br/eca-de-queiros/,

FRAZÃO, Dilva. Biografia de Eça de Queiroz. Ebiografia, em https://www.ebiografia.com/eca_queiroz/,

OLIVEIRA, Catarina. Eça de Queirós – Biografia do Escritor Português, em https://www.infoescola.com/literatura/eca-de-queiros/,

SOUZA, Warley. Eça de Queirós: Biografia, estilo, livros, frases, Brasil EScola, em https://brasilescola.uol.com.br/literatura/eca-queiros.htm,

SOUZA, Elaine B. Biografia, Obras, Princípios e Estilo realista, Sua Pesquisa, em https://www.suapesquisa.com/biografias/eca_de_queiroz.htm

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