Hezbollah, o que é? História, objetivos e guerras travadas

O Hezbollah é um partido político e grupo militante xiita libanês liderado por seu secretário-geral, Hassan Nasrallah, desde 1992.

O Hezbollah é um partido político e grupo militante xiita libanês liderado por seu secretário-geral, Hassan Nasrallah, desde 1992.

Seu nome advém do árabe حزب الله (Hizbu ‘Llah), que significa literalmente “Partido de Alá” ou “Partido de Deus”.

Há pelo menos vinte anos, o Hezbollah conta com um braço paramilitar, o ‘Conselho da Jihad’, e uma ala política, o ‘Bloco de Resistência Leal’ no Parlamento libanês.

História do Hezbollah

Após a invasão israelense do Líbano em 1982, a ideia de criação do Hezbollah surgiu entre clérigos libaneses que haviam estudado em Najaf (Iraque) e que adotaram o modelo estabelecido pelo aiatolá Khomeini após a Revolução Iraniana, em 1979.

Hezbollah, o que é? História, objetivos e guerras travadas
Representação do xiismo no mundo. Fonte: Ceiri News

Em síntese, a organização foi criada como parte de um esforço iraniano, por meio de financiamento e envio de um grupo de instrutores do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (pasdaran), para agregar uma variedade de grupos xiitas libaneses em uma organização unificada para resistir à ocupação israelense.

Além disso, a iniciativa buscava melhorar a posição e o status da comunidade xiita há muito tempo marginalizada e sub-representada naquele país.

Poderio civil-militar do Hezbollah

Durante a Guerra Civil Libanesa, o manifesto do Hezbollah, de 1985, listou entre seus objetivos a expulsão “dos americanos, franceses e seus aliados definitivamente do Líbano, pondo fim a qualquer entidade colonialista em nossa terra”.

Como resultado, seu poderio militar cresceu tanto entre 1985 e 2006, que sua ala paramilitar é considerada mais poderosa do que o próprio Exército libanês.

Além disso, o Hezbollah foi descrito como um “estado dentro de um estado” por especialistas em geopolítica e se tornou uma organização com assentos permanentes no governo libanês.

Também possui uma estação de rádio e TV via satélite, serviços sociais fixos oferecidos à população e treinamento militar em grande escala de combatentes além das fronteiras do Líbano.

Por fim, o Hezbollah mantém um forte apoio entre os muçulmanos xiitas libaneses, enquanto os sunitas discordam de sua agenda. A organização concentra apoio em algumas áreas cristãs do Líbano.

Desde sua fundação, ele recebe treinamento militar, armas e apoio financeiro do Irã e apoio político da Síria.

Ideologia do Hezbollah

A ideologia do Hezbollah é resumida pela comunidade internacional como radicalismo xiita.

Eles seguem a teologia islâmica xiita desenvolvida pelo líder iraniano aiatolá Ruhollah Khomeini.

Embora o Hezbollah originalmente visava transformar o Líbano em uma república islâmica formal, esse objetivo foi abandonado em favor de uma abordagem mais inclusiva, inclusive para com os cristãos e minorias étnicas.

Serviços sociais

O Hezbollah organiza e mantém um amplo programa de desenvolvimento social, onde administra hospitais, serviços de notícias, instalações educacionais e asilos.

Em julho de 2006, durante a guerra com Israel, quando não havia água corrente em Beirute (capital do Líbano), o Hezbollah estava organizando suprimentos ao redor da cidade.

Os xiitas libaneses veem a organização como um movimento político e um provedor de serviços sociais, tanto quanto é uma milícia.

O Hezbollah está, portanto, profundamente enraizado na sociedade libanesa.

Atividades políticas e forças armadas

O Hezbollah, junto com Amal, é um dos dois principais partidos políticos do Líbano que representam os muçulmanos xiitas.

Ao contrário do Partido Amal, cujo apoio é predominantemente no sul do país, o Hezbollah mantém um amplo apoio em todas as três áreas do Líbano com uma população de maioria xiita: no sul, em Beirute e arredores, e no vale do norte de Bekaa e região de Hirmil.

Hoje, possui 14 dos 128 assentos no Parlamento do Líbano e é membro do Bloco de Resistência e Desenvolvimento.

Em suma, o Hezbollah não revela sua força armada. O Gulf Research Center, com sede em Dubai, estimou que o braço armado do Hezbollah compreende 1.000 membros em tempo integral, juntamente com mais 6.000 a 10.000 voluntários.

Além disso, acredita-se que o Hezbollah tem até 65.000 combatentes. O comandante israelense Gui Zur chamou a facção de “o maior grupo guerrilheiro do mundo, de longe”.

Em 2010, acreditava-se que o Hezbollah tinha 45.000 foguetes. Sete anos depois, esse arsenal saltou para 150 mil, estacionados na fronteira do Líbano com Israel.

Relações internacionais

A organização xiita libanesa mantém relações estreitas com o Irã. Ele também tem laços com a liderança na Síria, especificamente o presidente Bashar al-Assad.

Embora o Hezbollah e o Hamas não estejam ligados organizacionalmente, ele fornece treinamento militar, bem como apoio financeiro e moral ao grupo palestino sunita.

Além disso, toda a organização ou apenas sua ala militar foi designada como organização terrorista por vários países, incluindo a União Europeia e desde 2017 pela maioria dos estados membros da Liga Árabe, com exceção do Iraque e Líbano, onde o Hezbollah é o mais poderoso partido político há décadas.

A Rússia não vê o Hezbollah como uma “organização terrorista”, mas como uma “força sócio-política legítima”.

Opinião pública do Hezbollah

De acordo com Michel Samaha, ministro da Informação do Líbano, o Hezbollah é visto como “uma organização de resistência legítima que defendeu sua terra contra uma força de ocupação israelense e tem consistentemente enfrentado o exército israelense”.

Um estudo com residentes da Faixa de Gaza e da Cisjordânia indicou que 79,6% tinham “uma visão muito boa” do Hezbollah, e a maioria do restante tinha uma “boa visão”.

Nesse sentido, pesquisas com adultos da Jordânia entre 2005 e 2006 mostraram que 63,9% e 63,3%, respectivamente, consideravam o Hezbollah uma organização de resistência legítima. Na pesquisa de dezembro de 2005, apenas 6% dos adultos jordanianos consideravam o Hezbollah terrorista.

Ocidente

Esses percentuais se invertem em nações ocidentais: uma pesquisa de julho de 2006 do USA Today/Gallup descobriu que 83% dos 1.005 americanos entrevistados culpavam o Hezbollah, pelo menos em parte, pela Guerra do Líbano em 2006 , em comparação com 66% que culparam Israel em algum grau.

Além disso, 76% desaprovaram a ação militar do Hezbollah em Israel, em comparação com 38% que desaprovaram a ação militar israelense no Líbano.

Em 2010, uma pesquisa com muçulmanos no Líbano mostrou que 94% dos xiitas libaneses apoiavam o Hezbollah, enquanto 84% dos muçulmanos sunitas tinham uma opinião desfavorável sobre o grupo.

Organização terrorista ou movimento de resistência?

O status do Hezbollah como um partido político legítimo, um grupo terrorista, um movimento de resistência ou alguma combinação deles é uma questão controversa.

Até outubro de 2020, seu braço militar era considerado uma organização terrorista por pelo menos 26 países, bem como pela União Europeia.

Desde 2017, a maioria dos estados membros da Liga Árabe, com exceção do Iraque e Líbano, onde o Hezbollah é o partido político mais poderoso, também considera que o Hezbollah é uma organização terrorista.

Os países e blocos que designaram o Hezbollah uma organização terrorista incluem: a Liga Árabe, Conselho de Cooperação do Golfo, a Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, bem como Argentina, Canadá, Colômbia, Estônia, Alemanha, Honduras, Israel, Reino Unido e Estados Unidos.

Em contrapartida, o Hezbollah afirma que é um movimento de resistência legítimo lutando pela libertação do território libanês.

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Fonte: Politize, Infoescola, Estudo Prático, Guia do Estudante, Notícias e Concursos

 

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