Iconoclastia: história, institucionalização e fim do movimento

A iconoclastia foi um movimento que ficou marcado pela proibição da veneração de imagens religiosas. Conheça tudo sobre esse movimento.

Iconoclastia – O que foi, história, causas e o fim do movimento

A iconoclastia representou um fenômeno de ordem política e religiosa, durante a época do Império Bizantino, entre os séculos VIII e IX. O termo iconoclastia é derivado das palavras gregas eikóne (ícone), entendida aqui como imagem, e klastein, algo como quebrar/romper. Desse modo, iconoclastia é basicamente “o que destrói imagens”.

O movimento iconoclasta foi marcado pela proibição da adoração de ícones religiosos. Nesse sentido, eram destruídas imagens que representassem os santos cristãos, como o próprio Jesus Cristo, a Virgem Maria, apóstolos, santos e anjos.

Por volta do século VI, o Império Bizantino experimentou um surto de iconolatria. A idolatria de imagens era proibida, o que acabou gerando um embate entre iconoclastas e iconólatras, que acreditavam que a adoração de imagens deveria ser praticada.

Contexto histórico

Desde as primeiras comunidades cristãs primitivas, Jesus já era representado por meio de imagens e iconografias. Isso fica evidente a partir de registros do século III, onde esculturas e estátuas eram utilizadas pelos fieis com o intuito de adoração. Não muito tempo depois, as igrejas e templos religiosos passaram a usar essas imagens como decoração, principalmente em mosaicos nas paredes.

Sendo assim, essas imagens eram utilizadas na divulgação das narrativas e dos valores da religião cristã. Então, a partir do século VI, quando o cristianismo se tornou a religião oficial do Império Bizantino, a iconolatria ganhou ainda mais força, e gerou um verdadeiro surto de adoração à imagens.

Assim, esse surto se deu a partir da combinação entre antigos ritos de adoração a ícones pagãos, e a veneração de imagens dos principais personagens do Cristianismo.

Pela ortodoxia cristã da época, era permitida a adoração de imagens sacras, porque de acordo com a sua visão, elas representavam o Cristo, Maria, entre outros, mas não necessariamente encarnavam a pessoa deles. Portanto, a veneração era bem vista, ao contrario da idolatria, que é considerada um pecado, e portanto, era proibida.

Mosaico de Jesus Cristo.

O surgimento da Iconoclastia

No século VIII, o trono bizantino é ocupado por Leão III. O imperador que governou de 717 a 141 era adepto da ideia do monofisismo. E por isso era relutante à natureza humana de Cristo, e principalmente à sua representação em imagens.

Sendo assim, certo da nocividade da adoração de imagens de cunho religioso, o então imperador, passou a defender a institucionalização da iconoclastia em seu governo.

Então, em 730, Leão III proíbe a veneração de ícones religiosos, o que resultou em milhares de imagens santas destruídas pelos adeptos do movimento. Entre elas estavam estátuas e ornamentos de santos em igrejas, além de mosaicos, afrescos, e outras obras de arte desse seguimento.

Causas da Iconoclastia

Contudo, um dos principais motivos que levaram ao nascimento do movimento iconoclasta foi a ligação com o judaísmo e com o islamismo. Já que tanto o judaísmo quanto o islamismo também eram contra à representação religiosa por meio de imagens.

Então, era de interesse dos imperadores bizantinos acabar com qualquer obstáculo que pudesse atrapalhar a aproximação cristã com os judeus e muçulmanos. Com isso, seria mais fácil conseguir a subordinação dos povos dessas religiões.

E mais do que isso, até o século VIII, a Igreja exercia grande influência sob o Império. E isso não era nenhum pouco favorável aos interesses dos governantes. Então, a partir disso, os imperadores declarados iconoclastas começaram a transferir recursos financeiros da Igreja para o Estado.

Fim do Movimento Iconoclasta

Contudo, só em 754 d.C, 24 anos após o imperador Leão III institucionalizar a iconoclastia, que o movimento foi reconhecido oficialmente pelo Concílio de Hieria. Porém, sem a participação da Igreja Ocidental, o concílio não teve a aprovação dos papas. Isso resultou em um novo cisma.

Então, em 787 d.C, a imperatriz Irene, então viúva de Leão IV, convocou o Segundo Concílio de Niceia. Foi quando ela aprovou novamente a veneração de ícones. O que resultou em uma breve pausa do movimento iconoclasta, que foi reinstaurado três anos depois, em 789.

Por fim, a adoração de imagens foi restituída definitivamente no Império Bizantino, em 843 d.C. Sob o comando da imperatriz regente Teodora, o chamado Triunfo da Ortodoxia marcou o fim da iconoclastia.

Enfim, o que você achou dessa matéria? Aproveite para conhecer mais sobre o Império Bizantino.

Fontes: Brasil Escola, Estudo Prático, Ecclesia

Fonte Imagem Destaque: Lais Castro

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