Jean-Paul Sartre – Biografia, ideias e principais obras

Jean-Paul Sartre foi um filósofo francês, considerado um dos maiores pensadores do século XX e um grande nome da filosofia existencialista.

Jean-Paul Sartre – Biografia, ideias e principais obras

Jean-Paul Sartre foi um filósofo, escritor e dramaturgo francês contemporâneo. Considerado um dos grandes pensadores do século XX, Sartre teve influência de outros filósofos, como Friedrich Nietzsche e Martin Heidegger.

Jean-Paul Sartre é um representante da filosofia existencialista, corrente filosófica representada também pelo autor Albert Camus e pela filósofa Simone de Beauvoir, com a qual manteve um relacionamento.

Todavia, Sartre teve enorme contribuição para a formação do pensamento e da filosofia contemporânea. Sua vasta obra inclui textos em prosa, como ensaios, romances, teatro e roteiros.

Biografia de Jean-Paul Sartre

Jean-Paul Charles Aymard Sartre nasceu em Paris, em 21 de junho de 1905. Após a morte de seu pai, em 1906, Sartre se mudou com sua mãe para a casa dos avós, na cidade de Meudon.

Ao lado de seu avô, Jean-Paul Sartre teve contato desde cedo com o estudo de línguas e a leitura de autores clássicos da literatura, como Gustave Flaubert, Goethe e Victor Hugo.

Lousa Nunca Mais.

Em 1921, Sartre começou a estudar no Liceu Louis-le-Grand, onde teve contato com a obra do filósofo Henri Bergson. Em 1924, começou a cursar Filosofia na Escola Normal Superior de Paris, onde conheceu Raymond Aron, intelectual francês do século XX.

Após se graduar em Filosofia, Jean-Paul Sartre serviu o exército (1928 – 1931) como meteorologista. Nesse mesmo período, ele retornou a Paris e lecionou filosofia no ensino básico, enquanto se dedicava a escrever.

Em 1933, Jean-Paul Sartre se mudou para Berlim e começou a estudar filosofia e existencialismo, apoiando-se em autores como Karl Jaspers, Heidegger, Kierkegaard e Nietzsche. Além disso, foi nesse mesmo período em que Sartre escreveu seu romance existencialista ‘A Náusea’.

Todavia, em 1939 Sartre foi convocado pelo governo para servir o exército e participar da Segunda Guerra Mundial. Durante a guerra, o autor foi capturado e preso pelos inimigos, conseguindo escapar apenas em 1941.

Nesse sentido, após a guerra, Jean-Paul Sartre teve um engajamento político maior, fruto de suas leituras e interpretações de Marx, o que o fez distanciar-se de autores franceses que defendiam a burguesia.

Em 1964, Sartre ganhou o Prêmio Nobel de Literatura e acabou recusando. Até o final de sua vida, na década de 1970, Sartre e sua companheira, a filósofa Simone de Beauvoir, interessaram-se por questões políticas e viajaram até Cuba para conhecerem os líderes Fidel Castro e Che Guevara.

Relacionamento com Simone de Beauvoir

Sartre e Simone de Beauvoir se conheceram durante a graduação em Filosofia, na Escola Normal Superior de Paris e ficaram juntos por 51 anos, separando-se apenas com a morte do filósofo, em 1980.

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Medium.

Todavia, os dois não tinham um relacionamento convencional para os padrões da sociedade. Os dois tinham um relacionamento aberto, o que possibilitou que tanto Sartre quanto Simone tivessem amantes. Também nunca moraram juntos ou chegaram a se casar, sendo que cada um tinha o seu apartamento.

Além de companheiros, a cumplicidade entre os dois também permitiu que a produção intelectual dialogasse. Sartre estudava o existencialismo como forma de entender o ser humano, enquanto Beauvoir usava o existencialismo aplicado aos estudos feministas.

Os últimos anos

Jean-Paul Sartre participou das manifestações do maio de 1968, juntamente com Michel Foucault e Gilles Deleuze, fazendo coro aos estudantes universitários contra o sistema educacional francês e o autoritarismo do presidente Charles de Gaulle.

Todavia, na década de 1970, Sartre começou a enfrentar problemas de saúde, resultado de uma vida desregrada e com poucos cuidados. Assim, perdeu a visão e começou a sentir várias dores, falecendo em 1980.

Ideias de Jean-Paul Sartre

Antes de mais nada, Jean-Paul Sartre era conhecido como um defensor da liberdade, que seria precursora do seu existencialismo. Avesso às amarras sociais, a liberdade de Sartre foi conduzida para vários campos do pensamento do autor, durante sua existência.

Apoiado por conceitos marxistas, Sartre provou que sua visão sobre o comunismo e sobre os ideais de Karl Marx iam muito mais além do que o propagado pela União Soviética. Nesse sentido, era como se o marxismo tivesse se tornado algo maior do que as próprias ideias de Karl Marx, demonstrando vida e inteligência própria.

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GZH.

Todavia, na produção literária (também a crítica), Sartre teve vínculos com escritores que retratavam a liberdade e a miséria da existência humana. 

Reconhecido pelo seu materialismo e por ser ateu, Sartre ainda explorou estados de angústia provocados pela liberdade, além da falta de um Deus ou qualquer instituição que servisse como amparo ao ser humano.

Enquanto filósofo, Jean-Paul Sartre buscou ideias em Nietzsche, Kierkegaard, Heidegger e Husserl. Assim, incorporou ao seu pensamento o materialismo, a liberdade humana e o existencialismo, bastante trabalhado por ele.

Existencialismo sartriano

Antes de mais nada, o existencialismo começava a ganhar espaço após a Primeira Guerra Mundial. A filosofia heideggeriana identifica a angústia provocada pelo sentimento de finitude do ser humano, devastado pela guerra.

A partir deste contexto cultural, Sartre partiu das ideias propostas por Heidegger e acrescentou novos motivos determinantes para a angústia do ser humano.

Para Sartre, são três os motivos de angústia para o ser humano: a sua finitude, o abandono pelo qual passa em um mundo material e a sua liberdade incondicional, que o torna responsável por seus atos.

Romance existencialista A Náusea.

Nesse sentido, o ser humano, a partir da sua consciência, percebeu ser finito (um dia vai morrer) e que está abandonado em um mundo sem Deus. Sartre rejeitou a noção de Deus e a vida após a morte, o que confere o caráter finito e de abandono do ser humano.

Apoiado em conceitos de Heidegger, Jean-Paul Sartre explicou a noção de liberdade e angústia proposta por ele mesmo em sua obra. Nesse sentido, ele usou do ser-em-si, que trata da dimensão material que compõe o mundo e do ser-para-si, que é a consciência inerente ao ser humano.

Todavia, para Sartre, o ser-em-si é definido e tem uma essência, enquanto a consciência (ser-para-si), não nasce pronta e definida, sendo construída com a vivência e a liberdade. O que leva à angústia é a percepção dessa consciência como algo desprovido de essência e responsável por si mesma.

Principais obras

A produção literária de Sartre esteve embasada no existencialismo, como é o caso do romance A Náusea, espécie de diário que conta a vida de Antoine Roquentin, o personagem principal. É considerado como o esboço do existencialismo e durante o livro, o leitor se depara com questionamentos acerca da existência e da condição humana.

Sartre e Simone em visita ao Rio de Janeiro.

Nesse sentido, em O ser e o nada, Jean-Paul Sartre escreveu um texto erudito, apoiado em conceitos existencialistas e fenomenólogos, como Heidegger, Merleau-Ponty, Kierkegaard e Nietzsche. O livro é considerado como o auge da obra existencialista do filósofo.

Todavia, no livro O existencialismo é um humanismo, Sartre rebateu críticas de marxistas e cristãos, mostrando a dimensão otimista do existencialismo, que é a própria liberdade e a dimensão coletiva e ética.

Então, o que achou da matéria? Se gostou, leia também: Kant, quem foi? Biografia, contribuições para a Filosofia e principais obras.

Fontes: Mundo Educação, Toda Matéria, Brasil Escola, Prepara Enem

Imagens: Nota Terapia, Lousa Nunca Mais, Medium, GZH, Amazon, Terra

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