Movimento operário – História, tipos, ideologias e características

O movimento operário foi um meio estruturado pelos operários e revolucionários para reivindicar direitos e se defender da exploração.

Movimento operário, o que é? Tipos, Ideologias e história

O movimento operário foi um meio de organização estruturado pelos operários e revolucionários para reivindicar direitos e se defender da crescente exploração capitalista.

A revolução industrial na Inglaterra foi a evolução do ideário capitalista em grande magnitude, o qual, antes era representado pela manufatura artesanal, formada por pequenos grupos ou até por famílias de tecelões.

No advento das indústrias, essa produção passou a ser feita em escala bem mais ampla com as máquinas a vapor para processar algodão. Os fatores que contribuíram para a ascensão da Inglaterra industrial foram as suas riquezas naturais como o carvão e o ferro.

Além disso, mão de obra disponível devido ao êxodo rural; políticas de estímulo à industrialização, desenvolvimento tecnológico e acúmulo de capitais.

Pontos negativos da revolução industrial

Em síntese, a Inglaterra tinha a seu favor a exploração colonial onde era fácil matéria-prima a custo baixo e também outros mercados consumidores. Neste sentido, a revolução teve seus aspectos positivos também com a proliferação das indústrias e o auxílio tecnológico das máquinas.

Contudo, juntamente com a revolução industrial, surgiram os problemas sociais e o movimento operário, como único meio de defesa do proletariado.

Basicamente, os pontos negativos para a sociedade proletariada são muitos, especificamente no que diz respeito ao fundamento básico do capitalismo, à exploração da força de trabalho.

Assim, as consequências vão desde o aumento de moradias precárias e falta de saneamento básico, a miséria e proliferação de doenças.Além disso, surgiram outras consequências sobrepostas a estas como os baixos salários e as jornadas de 14 horas de trabalho.

Neste sentido, se seguiram no viés da exploração, a contratação de mulheres e crianças em larga escala, com metade dos salários pagos aos homens adultos. Assim, o estado de coisas relacionado ao proletariado se configurou em uma situação deplorável com extrema exploração e dificuldades de negociações devido à massa de mão de obra desempregada.

No entanto, a partir desse quadro de injustiças, e como era de se esperar, a reação do proletariado foi violenta no início e depois começou a se estruturar no movimento operário. A partir dessa ideia, surgiram alguns movimentos, nos quais se destacam, o Ludismo e o Cartismo.

Ludismo

Portanto, como vimos até aqui, o cenário era compatível com os movimentos e revoltas do setor proletariado. Assim, o primeiro movimento operário tinha certos limites no estabelecimento das causas e contradições reais da situação, e focalizava mais no problema das máquinas substituir a mão de obra humana.

Portanto, entre 1811 e 1812, surgiu o Ludismo, nome originado de um de seus líderes, Ned Ludd. Esse movimento era contrário aos avanços tecnológicos ocorridos na Revolução Industrial e considerava a máquina como a principal causa da miséria e desemprego.

No entanto, vale lembrar que a oposição às máquinas e a perseguição aos seus inventores era uma ação que vinha ocorrendo desde o nascimento do capitalismo industrial.

Neste sentido, a principal ação dos ludistas era quebrar as máquinas responsáveis pelo desemprego e contínua exploração. Este movimento era também denominado de quebradores de máquina, pois quebravam máquinas e equipamentos por considerar que estes eram a causa das péssimas condições de trabalho.

O movimento operário e o caso cartwright

Posteriormente, com o passar do tempo, o Ludismo perdeu força diante das organizações sindicais da Inglaterra, as chamadas Trade Union. Porém, o momento culminante desse movimento foi o assalto da manufatura de William Cartwright, no condado de York, em abril de 1812, onde quebraram muitas máquinas, causando um grande prejuízo à empresa.

No entanto, no ano seguinte, por conta do ocorrido, aconteceu o maior processo de acusação aos ludistas, com 64 componentes do movimento sendo indiciados por participar do atentado contra a manufatura Cartwright.

Assim, 13 foram condenados à morte e 2 deportados para as colônias. Contudo, mesmo com as penas muito duras, o movimento não se dispersou. Além disso, os fabricantes recorreram ao parlamento para pedir penas cada vez mais duras contra esses atos.

Porém, o Reino Unido já tinha punição em uma lei datada de 1721, que defendia o exílio como pena máxima para tais atos. Contudo, em 1812, como resultado das ações dos ludistas, a mecanização adotou o frame-breaking act definindo a pena de morte para os casos que resultassem na destruição de máquinas.

Trade Union e o movimento operário

Em 1824, foi aprovada uma lei muito importante para os operários, que estabelecia a liberdade para se reunirem e deliberar sobre suas ações políticas sociais.

A propósito, até então, somente a aristocracia e a burguesia tinham esse direito de liberdade de associação. Além do mais, anteriormente, existiam sociedades secretas de operários, mas sem muita eficácia com relação a sua organização.

Assim, na Escócia, por exemplo, em 1812, uma organização secreta organizou uma greve geral dos tecelões de Glasgow e nesse mesmo perfil, outras se sucederam. Porém, a clandestinidade dessas ações tornava muito difícil seus resultados positivos.

No entanto, após 1824, com seus direitos assegurados, essas associações se expandiram por toda a Inglaterra. Chamadas de Trade Union, todos os ramos de indústrias possuíam as suas associações.

Os seus objetivos eram fixar salários, negociar em massa com os patrões, regular os salários em relação aos lucros patronais, e aumento no momento propício, e mantê-los no mesmo nível para cada ramo de trabalho.

Neste sentido, todo empregador teria que se enquadrar em uma tabela salarial e as Trade Unions orientavam os trabalhadores a recusar trabalhos que não se adequavam a esta tabela.

O Cartismo

Este movimento operário, que surgiu na Inglaterra em 1830, é denominado assim porque deriva da carta escrita pelos revolucionários William Lovett e Feargus O’Connor. 

Portanto, esta carta, conhecida também como carta do povo, foi enviada para o parlamento inglês e  seu conteúdo era composto por reivindicações de direitos pra os trabalhadores. Assim, as reinvindicações giravam em torno do voto secreto e universal, diminuição da jornada de trabalho para oito horas e outras.

Porém, vale lembrar que o cartismo foi um movimento operário que nasceu do partido democrático, se desenvolveu com o proletariado e se consolidou como partido operário. A propósito, a carta do povo, foi um passo importante para essa consolidação. Elaborada por William Lovett, ela possuía 6 pontos.

  1. Sufrágio universal para todos os homens maiores, mentalmente sadios e não condenados por crime.
  2. Renovações anuais do parlamento.
  3. Remuneração para os parlamentares, para que os indivíduos sem recursos possam exercer mandatos.
  4. Eleições por votos secretos, para evitar a corrupção e a intimidação pela burguesia.
  5. Colégios eleitorais iguais, para garantir representações equitativas.
  6. Supressão da exigência da posse de propriedades fundiárias no valor de trezentas libras como condição para a elegibilidade, sendo que qualquer eleitor pode se tornar elegível.

O Cartismo e o Sufrágio Universal

Basicamente, o texto da carta se direciona para o sistema eleitoral, e as reivindicações eram centradas no sufrágio universal. Os trechos da carta tinham grande conscientização do movimento operário. Por outro lado, havia grande elitização por parte do parlamento. Assim, só tinham direitos ao voto aqueles que pagavam mais de dez libras de impostos por ano.

Neste sentido, havia também o fato de que, antes de 1832, o parlamento era monopolizado pela aristocracia e só depois a burguesia industrial passou a fazer parte com a aprovação da Reforma Bill, lei de sete de junho de 1832. Portanto, podemos concluir que o proletariado estava muito longe de uma efetiva representatividade.

Características da carta

Basicamente, de acordo com o texto de carta, podemos classificar algumas características que a embasam:

  • Pondera as habilidades e a postura pacífica do movimento operário;
  • Aponta sua situação de opressão e sofrimento público e privado;
  • Aponta a pesada carga de impostos que estão submetidos;
  • Denuncia a negligência dos governantes em governar para poucos e não para a maioria;
  • Adverte o perigo de instabilidade social;
  • Discute a taxação de impostos maiores para as indústrias e menores para os donos de propriedades;
  • Reivindica o sufrágio universal com o voto secreto para a segurança do eleitor.

O movimento operário e suas divisões

Os primeiros operários ingleses surgiram com as indústrias, mais especificamente as indústrias de tecidos.

Por outro lado, como consequência do crescimento industrial, surgiu um segundo tipo de operário, ligado ao  fornecimento de matéria prima e combustíveis para as indústrias, como a extração de carvão e metais em minas. Portanto, a partir desse cenário, surgiu o proletariado das minas.

A partir desses fatos podemos estabelecer três tipos de trabalhadores, pertencentes ao proletariado inglês: os trabalhadores das indústrias urbanas, os trabalhadores das minas e os trabalhadores do campo, este último sendo a evolução do antigo camponês, também chamado de operário agrícola.

No entanto, os que tinham mais consciência de seus interesses e consciência política eram os trabalhadores urbanos, principalmente os das tecelagens, os mineiros tinham menor conscientização e os trabalhadores do campo (operários agrícolas) quase nenhuma consciência.

Outro fator importante sobre o capitalismo industrial inglês, é o fato de que a pequena classe média desapareceu, pois esta era formada por antigos artesãos e trabalhadores de pequenas indústrias originadas no capitalismo comercial.

Além disso, em plena Revolução Industrial inglesa as classes mais proeminentes eram o proletário, os capitalistas donos de indústrias e, por último, os grandes proprietários de terra. Este cenário era visto principalmente nas cidades industriais, que cresceram em torno da indústria.

Anarquismo e o movimento operário

Basicamente, as teorias que embasaram os movimentos operários no século XIX são relacionadas com a crítica ao capitalismo, como um sistema opressor e de exploração da força de trabalho. Neste sentido, se destacam dois movimentos com visões socialistas: o comunismo e o anarquismo.

O ideário anarquista aponta para a extinção de todas as formas de poder, se opondo à toda forma de poder, seja cultural ou social. Sendo assim, todo controle do estado, do sistema patriarcal e religioso deveria ser abolido. No entanto, o objetivo principal dos anarquistas era a construção de uma sociedade livre com cooperação mútua entre os indivíduos.

A propósito, um dos seus principais teóricos, o sociólogo Charles Fernando Fourier, influenciou um dos primeiros anarquistas: Pierre-Joseph Proudhon. Contudo, outro importante teórico e inspirador do anarquismo foi Mikhail Aleksandrovich Bakunin, considerado um dos fundadores da tradição social anarquista.

Comunismo e movimento operário

Outra ideologia que fundamentou e dialogou com o movimento operário inglês foi o comunismo, principalmente na figura de Friedrich Engels, que foi um dos principais teóricos do manifesto comunista juntamente com Karl Marx.

Engels foi mais influente na Inglaterra, pois ele viveu na Inglaterra e escreveu sobre a situação da classe operária. Portanto, o nascimento da teoria e da ideologia que embasa o comunismo se deu juntamente com o movimento operário.

Neste sentido, a práxis das manifestações do movimento operário, estabeleceu um constante diálogo com as ideias contidas no Manifesto Comunista.

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Fontes: Mundo Educação, Blog do QG, Curso Enem Gratuito

 

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