Rococó – Contexto histórico, características e principais artistas

Rococó foi um movimento artístico que surgiu logo após o Barroco. Um novo estilo, que presava pela leveza, elegância e charme das obras. Conheça a sua história e características.

Rococó – Contexto histórico, características e principais artistas

Rococó é o nome dado a um movimento artístico que contempla a leveza, elegância e charme das artes decorativas. Essas, aliás, podem ser usadas tanto na decoração de interiores quanto em ornamentos de monumentos.

O movimento, afinal, surgiu na Europa, no final do século XVII. Ele se consolidou, sobretudo, na França, na Áustria e na Alemanha.

Sendo assim, o termo “Rococó”, é originário da palavra francesa rocaille, que significa “concha”. O que faz muito sentido quando observamos os detalhes dos elementos decorativos usados nesse estilo, onde as linhas podem ser associadas a uma concha.

Além disso, outra característica marcante deste estilo – na arquitetura, escultura e pintura – é o uso de laços e flores. Desse modo, todos os elementos usados no rococó se complementam de forma harmônica, o que trás um ar de classe e pompa às obras.

Inclusive, devido às sutilidades do movimento, ele também ficou marcado como uma reação da aristocracia e da burguesia francesa contra a tendência do barroco tradicional.

Contexto Histórico

Em um contexto histórico e social, a estética decorativa refinada do Rococó veio para atender aos desejos da aristocracia. Esta, em meados do século XIX, buscava por satisfação e divertimento, devido às grandes mudanças políticas e sociais da época, com conquistas imperiais, revoluções e o começo da era industrial moderna.

Portanto, esse estilo nasceu logo após o período Barroco, marcado por um tom exuberante e suntuoso. E é tido, sobretudo, como forma de combater os excessos deste movimento artístico anterior.

Por isso, o Rococó trouxe uma proposta contrária à barroca, priorizando a delicadeza e o refinamento das formas. Assim, sendo muito marcante na pintura, na decoração de interiores e principalmente na arquitetura.

Rococó presente na pintura.
Fonte: Características

Origem do Rococó

Com a morte do rei Luís XIX da França, a corte finalmente se mudou para Paris, e assim efetivou-se a ascensão da classe média. Desse modo, a alta sociedade parisiense tornou o Rococó a maior tendência da moda francesa. Devido à riqueza que possuía, e ao prestígio na sociedade aristocrata, a elite francesa se tornou o principal cliente dos artistas do estilo Rococó.

Assim, eles passaram a produzir quadros e estatuas de porcelana, de acordo com os gostos da sociedade da época. Ou seja, o estilo refletia os valores de uma sociedade fútil, que procurava na arte uma fonte de prazer e de admiração que os fizesse esquecer dos reais problemas. Portanto, os temas mais comuns nas primeiras obras do Rococó eram cenários eróticos ou galantes da vida cortesã e da mitologia, como alusões ao teatro da época, entre outros.

Contudo, de acordo com alguns historiadores, não foi um estilo que se estendeu por muito tempo. Segundo eles, o Rococó durou apenas entre os anos de 1720 e 1780. Sendo assim, foi uma tendência que durou até o advento da reação neoclássica, e se espalhou pelo resto da Europa, se estabelecendo principalmente na parte católica da Alemanha, e em Portugal.

Marcas do Rococó

Ao contrário do Barroco, o estilo Rococó não está diretamente interessado com questões religiosas. Portanto, como já mencionamos, esse estilo evidencia a aristocracia e os seus desejos. Sendo assim, presa pelo estilo suntuoso do Barroco, porém de forma leve, elegante e intimista.

Portanto, as obras de Rococó apresentam texturas suaves que tem o intuito de expressar o caráter lúdico e, principalmente, mundano das coisas. Dessa forma, contempla temas leves e sentimentais, relacionados ao cotidiano das elites, e que presa principalmente por alegorias mitológicas e pastoris.

Assim sendo, ambientes luxuosos, como parques e jardins; retratam muitas vezes, cenas eróticas e sensuais, aliadas a paisagens alegres e lúdicas. Ou seja, transparecendo claramente os interesses hedonistas e aristocráticos.

A essência desse estilo, aliás, é a luz. Portanto, o tema central das obras do Rococó é colocado em destaque a partir dos efeitos emocionais da luz. Tudo isso é usado para realçar a beleza da forma, caracterizada pela delicadeza das cores, composições e efeitos marcantes.

Teto da entrada do Palácio de Wurzburg.Fonte: Smart History

Rococó no Brasil

Já no Brasil, foram os portugueses os responsáveis pelo advento desse estilo, que ficou conhecido como “estilo Dom João V”. Por aqui, ele foi usado principalmente na decoração interna, dando estilo ao mobiliário da época.

O estilo se consolidou mesmo no final do século XVIII, devido a uma forte influência religiosa. O que mudou totalmente o sentido das representação da vida profana e aristocrática, muito comum principalmente na França. Aliás, um dos maiores representantes do Rococó no Brasil foi o artista Aleijadinho, famoso por suas representações de santos católicos.

Portanto, esse estilo estava muito presente nas igrejas, até ser difundido na decoração de palácios que exaltavam o poder civil. Uma obra que representa bem a estética do Rococó, inclusive, é a “Ascensão de Jesus”, do Mestre Ataíde, feita no ano de 1827.

Ascensão de Jesus.
Fonte: Pinterest

Outro detalhe importante  é que, na França, o Rococó também é chamado de estilo Luís XV e Luís XVI. Esse estilo pode ser visto até hoje nos luxuosos móveis do estilo Luís XV.

luxuosos móveis do estilo Luís XV.
Fonte: Móveis Luís XV

Manifestações do Rococó

Pinturas

A pintura, dentro do estilo Rococó, é dividida em duas vertentes. Uma dessas presa por um visual intimista e despreocupado do modo de vida e da concepção do mundo a partir da visão das elites europeias. Já a outra, faz uma adaptação dos elementos do estilo à decoração monumental de igrejas e palácios. Esta última sendo usada como forma de exaltar a fé e o poder civil.

Sendo assim, o Rococó na pintura resulta em uma nova maneira de viver e sentir a arte. Tudo isso por meio de cenas pastoris, festas galantes, tradução do amor, sedução, erotismo e hedonismo. Além disso, também retratava temas referentes à deuses e cupidos.

Como as suas composições são próprias para a decoração de interiores, os quadros trazem imagens exuberantes e rítmicas. Assim, as cores são baseadas principalmente em tons brancos, azuis, rosas. Além disso, presam por elementos marinhos, como ondas e conchas.

Pintura “Rapariga em Repouso”, feita por François Boucher.
Fonte: Virus da Arte

Principais pintores do estilo Rococó

  • Jean-Antoine Watteau: pintor francês que ficou conhecido por representar a sociedade aristocrática da época;
  • Jean-Baptiste Siméon Chardin: foi o pintor mais racional e pintou cenas de gênero e naturezas-mortas reveladoras da vida cotidiana;
  • François Boucher: pintor francês que ficou conhecido por criar retratos que exploravam ao máximo o espírito Rococó;
  • Canaletto: pintor veneziano que destacou-se pelo tratamento da luminosidade e suas paisagens urbanas de Veneza sob o ângulo barroco. Assim, captando a visão de suas ruas e canais, envoltos em luzes e sombras;
  • Jean-Honoré Fragonard: pintor francês cujas obras estão entre as mais emblemáticas da arte rococó, por contar com pinturas que retratavam a exuberância e o hedonismo;
  • Giovanni Battista Tiepolo: artista que fez de Veneza um importante centro para o estilo Rococó. Suas obras apresentavam grandiosidade, elegância e leveza.
Pintura “O Balanço”, feita por Jean-Honoré Fragonard.
Fonte: Trabalho Pra Escola

Arquitetura Rococó

Já arquitetura Rococó era um reflexo dos novos gostos da sociedade. A essa altura, muito mais elegante, suave e leve em relação ao Barroco. Sendo assim, essa nova tendência de decoração se adequou para os espaços confortáveis, menores e intimistas, como o interior das residências e dos hotéis. Estes, serviam como moradia principalmente a nobreza e a elite.

Desse modo, temos algumas características que marcaram a arquitetura Rococó. São elas:

  • Os aposentos têm formas retangulares, com cantos arredondados;
  • As paredes são mais planas e suaves e não contêm mais os altos relevos Barrocos;
  • As portas de madeira ganharam pequenos e delicados entalhes;
  • Para a decoração desses interiores, usavam recursos como a douração nas portas, nas paredes e nos objetos;
  • Exploraram a utilização de imensos painéis decorativos, feitos em tapeçaria. Geralmente se estendiam do teto ao chão, ao lado de janelas esguias e ovaladas, rodeadas por muitos drapejados;
  • Muito comum também era o uso de grandes espelhos, que revestiam o interior dos ambientes.
Arquitetura Rococó.
Fonte: Concreto em Curva

Portanto, alguns exemplos dessa arquitetura são:

  • Hôtel de Soubise, construído por Germain Boffrand e decorado por Nicolas Pineau, em Paris, entre 1736 e 1739;
  • Petit Trianon, construído por Jacques-Ange Gabriel, em Versalhes, entre 1762 e 1768;
  • Palácio episcopal de Wurzburg, na Baviera, projetado por Balthasar Neu­mann, construído entre 1719 e 1744;

No entanto, devido a sua associação com a aristocracia francesa, o estilo Rococó na arquitetura não foi muito popular, o que fez com ela durasse pouco tempo.

Hôtel de Soubise, em Paris.
Fonte: Wice

Escultura Rococó

Tanto na escultura quanto na pintura da Europa oriental e central, não é possível traçar uma linha divisória clara entre o Barroco e o Rococó. Tanto de estilo quanto de tempo.

No entanto, os escultores do Rococó conseguiram retratar a expressão psicológica da natureza humana, principalmente pelos efeitos de sombra que usaram para reproduzir com extraordinária beleza as pálpebras e os olhos. Tudo isso resultou em uma grande expressão e realismo a cada uma das obras feitas com base nesse estilo.

Para gerar esse efeito, os escultores do Rococó preferiam utilizar materiais macios, como o gesso e a argila. Ao contrário dos dos escultores barrocos, que preferiam os grandes blocos de mármore.

Escultura de Rococó.
Fonte: Arte e História

Principais escultores do Rococó

  • Jean-Antoine Houdon: escultor francês que destacou várias esculturas retratando personagens importantes da história francesa e universal, como Voltaire e Diderot;
  • Johann Michael Feichtmayr: escultor alemão que distinguiu-se pela criação de santos e anjos de grande tamanho, obras-primas dos interiores Rococós;
  • Ignaz Günther: escultor alemão, um dos maiores representantes do estilo rococó em seu país. Sendo assim, suas esculturas eram em geral feitas em madeira e a seguir policromadas.

Além disso, no Rococó também se destacou a criação das estatuetas decorativas feitas de porcelana. Desse modo, durante o século XVIII, os escultores rococós criaram modelos para a manufatura de estatuetas. Assim, reproduzindo temas mitológicos, campestres e da sociedade cortesã.

Dentre esses escultores decorativos, merecem destaque:

  • François Boucher: francês, nascido em Paris, foi pintor, gravador e desenhista das porcelanas reais.
  • Étienne Maurice Falconet: escultor francês, em que a influência do pintor François Boucher e do teatro e ballet são igualmente nítidas em suas formas doces, elegantes e eróticas.
Escultura feita por Étienne-Maurice Falconet, em 1757.
Estátua de 48 cm, em mármore, exposta no Museu do Louvre, em Paris.
Fonte: Arte Ref

Legado do Rococó

Embora esse estilo tenha sofrido penosas críticas em relação à superficialidade dos temas abordados em suas obras, essa arte é considerada uma das correntes mais emblemáticas da história. Isso porque deixou um grande legado cheio de peças que exploram temáticas leves, além de resultar em uma decoração refinada e principalmente elegante.

Rococó na Espanha.
Fonte: Hisour

Por fim, agora que você já conheceu um pouco mais sobre a história do estilo Rococó, que tal conhecer também sobre o Arcadismo?

Fontes: História das Artes, Toda Matéria, Brasil Escola, Cola Web, La Art

Fonte Imagem Destaque: Projeto Humanarte

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