Antes de mais nada, tipos de rimas são as classificações recebidas pelas rimas, um recurso estilístico presente em textos literários do gênero lírico. Todavia, elas são a repetição de sons no final de vocábulos ou das sílabas poéticas.
Nesse sentido, os tipos de rimas existentes dizem respeito à fonética, ao valor, à acentuação e à posição do verso na estrofe, por exemplo. Além disso, esse recurso está presente nos versos e garantem a presença de musicalidade, ritmo e sonoridade aos poemas.
Entretanto, quando os versos de um poema não apresentam rimas, eles são chamados de versos brancos ou versos soltos. Contudo, o uso desse tipo de verso tem origem no Brasil durante o século XVII, sendo usado na literatura contemporânea, por exemplo.
Tipos de rimas
Basicamente, os tipos de rimas podem ser classificados de acordo com a fonética, valor, acentuação, posição no verso e posição na estrofe. Sendo assim, temos:
Rima perfeita ou consoante
À princípio, os tipos de rimas perfeita ou consoante, ocorrem quando há correspondência total de sons, com repetição de sons vocálicos e consonantais.
Por exemplo: Estrela/vela, vertigem/virgem, rosa/formosa, boca/foca
Rima imperfeita
Esse tipo de rima apresenta apenas uma correspondência parcial de sons. Todavia, são classificadas em toante ou aliterante.
Os tipos de rimas toantes são aqueles que apresentam correspondência de sons vocálicos, ou seja, apenas da vogal temática, ou das vogais a partir da sílaba tônica. Por exemplo, neste poema de João Cabral de Melo Neto:
“Leito de pedra abaixo
rio menino eu saltava
saltei até encontrar
as terras fêmeas da Mata.”
Já os tipos de rimas aliterantes, ocorrem quando se apresentam apenas a repetição de sons consonantais. Por exemplo:
- Fez/faz
- Medo/moda
- Lata/luto
Classificação das rimas quanto ao valor
Quanto ao valor, os tipos de rimas podem ser classificados como rima pobre, rica, rara ou preciosa. Neste caso, a rima pobre ocorre quando as palavras que rimam pertencem à mesma classe gramatical (substantivo/substantivo, verbo/verbo). Por exemplo:
- Cala/fala
- Gato/pato
- Amarelo/gelo
Já a rima rica, acontece quando as palavras que rimam pertencem a classes gramaticais diferentes. Exemplo:
- Noz/veloz
- Pente/surpreendente
- Amigo/contigo
A rima rara, ou preciosa, são as rimas forjadas com palavras combinadas, o que dá-lhes terminações incomuns de sons raros. Por exemplo, neste poema de Chico Buarque:
“Um dia surgiu, brilhante,
Entre as nuvens, flutuante,
Um enorme Zepelim.
Pairou sobre os edifícios,
Abriu dois mil orifícios,
Com dois mil canhões assim.”
Tipos de rimas de acordo com a acentuação
Em síntese, de acordo com a acentuação, os tipos de rimas podem ser classificados como rima aguda, grave e esdrúxula. Dessa forma, a rima aguda, também conhecida como rima masculina, é o tipo de rima que acontece entre palavras oxítonas. Por exemplo:
- Céu/chapéu
- Cantor/amor
- Vês/lês
Conhecida também como feminina, a rima grave é um exemplo que ocorre com palavras paroxítonas. Exemplo:
- Atento/tanto
- Cedo/medo
- Agora/embora
Já a rima esdrúxula é o tipo que acontece em palavras proparoxítonas. Por exemplo:
“No ar lento fumam gomas aromáticas,
brilham as navetas, brilham as dalmáticas”
(Eugénio de Andrade)
Classificação de acordo com a posição no verso
À princípio, em relação à posição no verso, os tipos de rimas podem ser classificados como: rima externa e interna. Dessa forma, a rima externa é conhecida por acontecer sempre no fim do verso.
Exemplo: “E em louvor hei de espalhar meu canto / E rir meu riso e derramar meu pranto” (Vinícius de Moraes).
Já a rima interna ocorre no interior do verso. Exemplo: “A bela bola do Raul / Bola amarela” (Cecília Meireles).
Tipos de rimas de acordo com a posição na estrofe
De acordo com a posição na estrofe, as rimas podem ser: alternada, emparelhada, interpolada, encadeada, mista e versos brancos. Todavia, a rima alternada, também conhecida como rima cruzada, acontece de forma alternada (ABAB). Por exemplo:
“Minha desgraça, não, não é ser poeta, (A)
Nem na terra de amor não ter um eco, (B)
É meu anjo de Deus, o meu planeta (A)
Tratar-me como trata-se um boneco (B)”
(Álvares de Azevedo)
Já a rima emparelhada, ocorre entre o primeiro e segundo verso, e entre o terceiro e o quarto (AABB). Por exemplo: “Vagueio campos noturnos (A) / Muros soturnos (A) / paredes de solidão (B) / sufocam minha canção (B)” (Ferreira Gullar).
Por outro lado, as rimas interpoladas, também conhecidas como opostas, acontecem quando o primeiro verso rima com o quarto e quando o segundo rima com o terceiro verso (ABBA). Por exemplo:
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
(Augusto dos Anjos)
As rimas encandeadas, acontecem quando as palavras que rimam se encontram no fim do verso e no início de outro verso. Por exemplo: “Salve Bandeira do Brasil querida / Toda tecida de esperança e luz / Pálio sagrado sobre o qual palpita /A alma bendita do país da Cruz” (Francisco de Aquino Correia).
Já as rimas mistas, ocorre em diversas partes do texto poético, sem respeitar algum esquema de posição já determinado. Exemplo: “Vou-me embora pra Pasárgada / Aqui eu não sou feliz / Lá a existência é uma aventura / De tal modo inconsequente / Que Joana a Louca de Espanha / Rainha e falsa demente / Vem a ser contraparente / Da nora que nunca tive” (Manuel Bandeira).
Tipos de rimas – versos brancos
Por fim, os versos brancos são aqueles que não apresentam rimas, como no exemplo:
“Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes…”
(Cecília Meireles)
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Fontes: Norma Culta, Toda Matéria, Português, Português
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