Tráfico Negreiro – O que era, como funcionava e navios negreiros no Brasil

O tráfico negreiro era uma atividade mercantilista responsável pelo comércio de escravos africanos no Brasil e em outros lugares da Europa.

Tráfico Negreiro - O que era, como funcionava e navios negreiros no Brasil

Durante o período colonial, várias foram as atividades desenvolvidas para captar mão de obra para o trabalho nos grandes engenhos. Uma delas era o tráfico negreiro. No Brasil, com a diminuição constante da população indígena, os senhores de engenho começaram a comprar escravos vindos da África.

Os escravos eram prisioneiros africanos capturados para serem escravizados na Europa e na América. Assim, o tráfico negreiro era uma atividade cruel que colocava os africanos em situações deploráveis de higiene e proteção. Com isso, a atividade só foi proibida quando, em 1850, a Lei Eusébio de Queiroz foi aprovada.

Em síntese, antes mesmo da lei ser aprovada, o tráfico negreiro funcionava no Brasil por conta dos engenhos. Isso porque, o país começava uma intensa produção açucareira que necessitava de mão de obra. Dessa forma, os índios que viviam no país estavam diminuindo por diversos fatores. Portanto, a saída era comprar prisioneiros de outros lugares que eram trazidos para serem escravizados.

Início do tráfico negreiro

A escrevidão foi um dos períodos mais deploráveis da história. Foram diversos homens e mulheres escravizados para servirem à homens brancos europeus. No Brasil, a atividade do tráfico negreiro começou por conta da produção açucareira que se iniciava no país.

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Escravos trabalhando no engenho de açúcar. Fonte: Mundo Ecologia

Os engenhos necessitavam constantemente de pessoas trabalhando. Desde a colonização, quem realizava o trabalho forçado eram os índios. Porém, a população indígena sofreu com a diminuição consequente de doenças trazidas pelos colonizadores europeus. O sistema imunológico dos índios não estava preparado para certos tipos de doenças.

Em síntese, o início do tráfico negreiro pode ser explicado levando em consideração as seguintes características:

  • Diminuição da população indígena para o trabalho nos engenhos;
  • O estranhamento cultural em relação aos índios;
  • Fugas constantes dos índios;
  • Os índios não eram considerados inapropriados para a lógica de trabalho europeu;
  • Funcionamento do sistema mercantilista.

Visto isso, a ideia do tráfico negreiro agradava os senhores de engenho. Isso porque, os interesses, tanto da metrópole quanto da colônia podiam ser atendidos, já que Portugal possuía uma espécie de comércio em relação aos povos africanos.

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Lugar onde a cana de açúcar era moída. Fonte: Aprender História

Portanto, algumas questões como a escassez de mão de obra indígena fizeram com o que os colonos buscassem novas formas de suprir à necessidade de trabalho. Nesse sentido, como Portugal já trabalhava com africanos escravizados, o tráfico negreiro seria lucrativo para a metrópole também.

Como funcionava o tráfico negreiro

O tráfico negreiro, no Brasil, começou a partir da necessidade de suprir a falta de mão de obra nos engenhos brasileiros. Ou seja, a produção açucareira era uma atividade que estava em ascensão e demanda por parte dos portugueses era grande.

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Interior de um navio negreiro. Fonte: Carta Capital

Dessa forma, já que na costa africana já haviam as feitorias portuguesas, os portugueses começaram a enviar os escravos africanos para o trabalho no Brasil. Assim, na década de 1450, o número de escravos trazidos ao país era de 700 a 800, ao ano. O número crescia constantemente, sendo que em 1580 já eram cerca de três mil escravos trazidos para o trabalho nos engenhos.

Os africanos que eram trazidos pelo tráfico negreiro eram capturados de duas formas. Ou eram prisioneiros de guerra, ou caíam em emboscadas armadas pelos traficantes de escravos. Assim, os prisioneiros de guerras eram vendidos e levados aos pontos onde a comercialização para a América acontecia. A brutalidade já iniciava com uma marca feita com ferro quente, utilizada como forma de identificação.

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O trabalho dos escravos no Brasil. Fonte: Aiyelujara

Além de serem vendidos, alguns capturados ainda eram ainda trocados por mercadorias consideradas de valor. Assim, podiam ser trocados nos portos por tabaco, cachaça, pólvora, objetos metálicos etc. Após a troca ou a venda, os capturados eram levados à navios denominados de tumbeiro. Assim, o destino final era a América, ou a Europa, como as cidades de Sevilha e Lisboa.

Como era o transporte dos escravos?

Em síntese, as embarcações saíam abarrotadas de escravos, cerca de 300 a 500 prisioneiros africanos. Assim, ficavam em condições deploráveis em meio à doenças e situações desumanas. Por conta disso, muitos acabavam morrendo durante a travessia que podia durar até 50 dias, dependendo do estado para onde eram levados.

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Escravos no Brasil. Fonte: Toluna

Os escravos não recebiam nenhum tipo de assistência. Dessa maneira, eram submetidos à beber água suja e comiam apenas uma vez no dia. Além disso, eram obrigados a dormir em espaços pequenos, o que dificultava a respiração. Por conta disso, a proliferação de doenças era comum. Com isso, uma das doenças que mais matava era a escorbuto – caracterizada pela ausência de vitamina C no organismo.

Além disso, também era comum:

  • Varíola;
  • Sarampo;
  • Febre amarela;
  • Doenças gastrointestinais etc.

Portanto, as condições desumanas eram estendidas quando os escravos chegavam ao Brasil. Assim, eram obrigados à trabalhar de sol a sol, sem pausas. Além disso, se vestiam com trapos entregues à eles pelos senhores de engenho e dormiam em lugares escuros, úmidos e sem higiene. Assim, eram chamadas de senzalas.

Além das péssimas condições de trabalho, os escravos eram acorrentados para que não fugissem. Por consequência, eram constantemente vítimas de agressão e castigos aplicados pelos senhores de engenho. Logo, dentre os castigos mais utilizados estava o chicote, usado em mulheres e homens.

Fim do tráfico negreiro

Os escravos que viviam no Brasil eram obrigados a falar a língua portuguesa, além de seguir os costumes europeus. Entretanto, não deixavam de praticar sua cultura em rituais e festas escondidas. Por conta disso, foi desenvolvido aqui no Brasil um estilo de luta provinda das tradições africanas, a capoeira.

Em síntese, a escravidão não era aceita de forma pacificada. Existiam grupos que reivindicavam melhorias e o abolição dos atos escravistas no país. Assim, era comum a fuga em massa de escravos que fugiam para as florestas. A partir disso, criaram os quilombos, denominado o lugar onde existia apenas escravos fugitivos.

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A Lei Áurea foi o documento que acabou definitivamente com a escravidão no Brasil. Fonte: Educa Mais Brasil

Nos quilombos eram realizados os rituais, os africanos podiam ser livres e exercer suas atividades sem repressão. Um dos quilombos mais reconhecidos foi do líder Zumbi, denominado de quilombo dos Palmares. Com isso, o fim do tráfico negreiro só veio quando a Lei Eusébio de Queiroz foi promulgada colocando fim à prática no país.

Entretanto, a escravidão no Brasil só foi totalmente abolida com a assinatura da Lei Áurea, que dava a carta de alforria aos escravos. Antes disso, o Brasil ainda passou pelas leis abolicionistas, que foram formas de desacelerar os processo de abolição da escravidão. Por fim, dentre as leis abolicionistas estava a Lei do Ventre Livre e a Lei dos Sexagenários.

Você sabia?

  • 70% dos escravos trazidos para o Brasil eram de Angola;
  • O Brasil foi um dos países que mais movimentaram o comércio do tráfico negreiro;
  • Em 1584, cerca de 25% da população presente na colônia eram formados por escravos africanos;
  • Caso os escravos cometessem alguma “falta” eles podiam ser queimados;
  • Um escravo valia mais quando era homem e adulto, entre 12 e 30 anos;

O que achou da matéria? Se gostou, corre pra conferir o que é Estado de Exceção e como se caracteriza a Regionalização.

Fontes: Brasil Escola, Info Escola, Escola KidsToda Matéria 

Fonte imagem destaque: Aventuras na História

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