Tratado de Nanking – História, características do acordo e objetivos

O Tratado de Nanking foi um acordo imposto pelo Império Britânico à China, marcando o fim da Primeira Guerra do Ópio que ocorreu entre 1839 e 1842.

Tratado de Nanking - História, características do acordo e objetivos

Durante o período de colonização, especialmente do comércio marítimo, a China era responsável pela comercialização de vários produtos, como o ópio. O Tratado de Nanking foi um acordo imposto pelo Império Britânico à China, dando fim à Primeira Guerra do Ópio, em 1860.

Na época, a Grã-Bretanha buscava países que pudessem oferecer matérias-primas e preços consideráveis no mercado consumidor. China e Índia possuíam as características que os ingleses buscavam, mas os chineses não eram abertos a negociações com estrangeiros.

Para entender o que foi o Tratado de Nanking, vamos conhecer o contexto histórico que levou ao fim da Primeira Guerra do Ópio.

Contexto histórico

A resistência chinesa estava concentrada, principalmente, na compra de produtos de outros países. Porém, em relação à venda de mercadorias, o país era aberto a negociações.

Guerra entre China e Grã-Bretanha
Super Abril

Como os chineses não se interessavam pelos produtos ingleses, o Império Britânico não tirava lucros vindos da China.

Para os ingleses, o único produto que interessava era a comercialização do ópio, fonte de lucro para a Grã-Bretanha. O ópio é classificado com uma substância ilícita, pois causa dependência nos usuários.

Os ingleses, neste caso, transportavam a substância de forma ilegal para a China e obrigavam os chineses a consumir o produto. A dependência, neste caso, gerava lucros para a Grã-Bretanha, pois aumentava o volume do comércio.

Por conta disso, o governo chinês decidiu por proibir qualquer comercialização de drogas com os ingleses. A decisão causou revolta, já que o comércio do ópio agregava economicamente a Grã-Bretanha.

Embarcações na Guerra do Ópio
Aventuras na História

A decisão do governo chinês foi o principal motivo para, em 1839, os ingleses declararem guerra à China, dando início a Primeira Guerra do Ópio. A guerra só teve fim, em 1842, com a assinatura do Tratado de Nanking.

O Tratado de Nanking

O Tratado de Nanking foi um acordo assinado entre a China – na época, governada pela dinastia Quing – e a Grã-Bretanha. O principal motivo para assinatura do acordo imposto pelos ingleses foi colocar fim a Primeira Guerra do Ópio, iniciada em 1839.

Em síntese, o Tratado possuía doze artigos com diversas recomendações do que deveria ser feito pela China.

Uma das primeiras exigências do tratado foi a suspensão de restrições comerciais. Nesse sentido, os ingleses queriam o livre comércio com a China, além da abertura de cinco portos no país, sendo eles: Cantão, Xiamen, Fuzhou, Ningbo e Xangai.

Outro artigo presente no tratado liberava os portos chineses para a construção de moradias fixas dos ingleses. A princípio, os ingleses estavam proibidos de construir qualquer tipo de residência, porém, com o tratado, foi liberada a construção de moradias nas cidades portuárias da China.

Assinatura do tratado
Opera Mundi

Além disso, o tratado determinou que, a partir de então, os ingleses estariam livres para negociar comercialmente com as autoridades locais. Antes do acordo, as negociações eram feitas por meio da mediação de oficiais que integravam a corte chinesa.

Os ingleses determinaram também que, a partir do tratado, os portos chineses só poderiam cobrar 5% na tarifa de importação. Na época, a taxa era a menor se comparada a outros portos do mundo.

A China foi obrigada a pagar uma indenização de 21 milhões de dólares de prata por conta das 20 mil caixas de ópio destruídas durante a guerra.

A Grã-Bretanha estimulou a indenização pelo ópio, mas também queria que as despesas referentes à guerra fossem acertadas, principalmente com os comerciantes chineses.

Hong Kong como território britânico

Um dos artigos do Tratado de Nanking estabeleceu a entrega do território de Hong Kong à Grã-Bretanha. Na época, a região era apenas uma ilha habitada, principalmente, por chineses pesqueiros. Além disso, servia como refúgio para piratas e pessoas que comercializam ópio.

Tratado de Nanking - História, características do acordo e objetivos
Crescimento de Hong Kong. Fonte: Discovery

Com o Tratado, Hong Kong passou a ser “propriedade perpétua” dos ingleses. Ou seja, a região se tornou colônia do Império Britânico. Com os anos, a região se tornou o principal ponto de comercialização do ópio. A substância era trazida, essencialmente, da Índia.

Em 1865, o crescimento da região impulsionou a criação do “Hong Kong and Shanghai Banking Corporation”, conhecido internacionalmente como BNDS. A fundação do banco foi realizada por um comerciante escocês que, na época, era especializado na importação de ópio.

Atualmente, Hong Kong é uma das Regiões Administrativas Especiais da China. Ou seja, cidade dentro do território chinês, mas que possui autonomia política e econômica diferentes do restante do país.

O sistema econômico que revigora em Hong Kong, por exemplo, é o capitalismo, movido pela moeda Hong Kong Dólar.

Consequências Tratado de Nanking

Em síntese, os artigos impostos pelo Império Britânico à China alteraram a visibilidade dos chineses diante dos demais países do mundo. Na época, o Tratado foi visto como uma humilhação aos chineses que mantinham o posto de “centro do mundo”.

A dinastia Qing, que governava a China no ano do Tratado, ficou desmoralizada frente a outros países e à própria população chinesa. Uma preocupação que atingia a China naquele momento era a possível proposta de outros países em querer comercializar na mesma condição que os ingleses.

Tratado de Nanking - História, características do acordo e objetivos
Carta Capital

A preocupação era válida, já que a China perdia gradativamente a soberania no comércio exterior e a o declínio econômico já afetava o país.

Além disso, a prata – principal moeda de troca na época – já estava em falta em várias regiões.

O Tratado de Nanking, de acordo com a história chinesa, foi classificado como um dos “tratados desiguais”.

Ou seja, esse tipo de tratado era símbolo de negociações provindas de guerras e que deixavam em desvantagens nações que não possuíam as mesmas igualdades nas negociações.

Além do tratado estabelecido com a Grã-Bretanha, a China vivenciou outros “tratados desiguais”.

Dentre eles, tratados assinados com França, Estados Unidos, Rússia e Japão. Por fim, em grande parte dos casos, a China perdeu territórios, além de recursos financeiros pagos em indenizações.

O que achou da matéria? Se gostou, leia também o que foi a Revolução Chinesa e quais as causas da Guerra dos Boxers.  

Fontes: History, Opera Mundi e Ensinar História 

Imagens: Hong Kong, Super Abril, Aventuras na História, Opera Mundi, Discovery e Carta Capital

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