Variação linguística: o que é, quais são os tipos e exemplos

A variação linguística ocorre por causa das diferentes formas que os elementos da língua podem interagir entre si. Saiba quais são os tipos

variação linguística

Variação linguística é um fenômeno natural que envolve a língua e toda a diversificação de seus elementos formadores, como o vocabulário, a pronúncia, a morfologia e a sintaxe. Essas variações ocorrem porque a língua não é um sistema fechado.

Assim, é estudada pela sociolinguística e tem como objetivo mapear as alterações que os idiomas podem sofrer.

Algumas das principais variedades linguísticas são os dialetos regionais, as gírias, os jargões profissionais, as variedades étnicas e as variedades de idade e de gênero. Dessa forma, cada uma dessas variedades tem suas próprias características e influencia-se por fatores como a história, a geografia, a educação, a classe social e a cultura.

É importante ressaltar que todas as variedades linguísticas são igualmente válidas e devem ser respeitadas.

Resumo sobre variação linguística

Em resumo, elas são as diferentes formas de se expressar usando um mesmo idioma, que podem mudar de acordo com o indivíduo, o lugar, o contexto, o tempo e o grupo social.

Logo, elas são legítimas e representam a identidade e a diversidade cultural dos falantes.

Além disso, podem afetar o vocabulário, a fonética, a sintaxe e a morfologia da língua.

O que é variação linguística?

Dessa forma, a variação linguística é um fenômeno natural que se refere às diferenças que existem entre as variedades de uma língua.

Por sua vez, essas diferenças podem estar relacionadas a aspectos regionais, sociais, históricos ou culturais, e incluem variações no vocabulário, na pronúncia, na gramática e no uso da língua em diferentes contextos.

Assim, é um fenômeno presente em todas as línguas e é importante para a compreensão da diversidade cultural e da identidade de um povo. Além disso, a variação linguística é um reflexo da evolução e da mudança das línguas ao longo do tempo.

Quais são os tipos de variação linguística?

1. Variação diacrônica ou histórica

A variação diacrônica ou histórica se refere, sobretudo, à mudança que ocorre na língua ao longo do tempo.

Observa-se por aspectos como o vocabulário, a gramática, a pronúncia e o uso da língua. Essa variação pode ocorrer por diversos fatores, tais como contato com outras línguas, mudanças sociais e culturais, evolução natural da língua, entre outros.

Exemplo: O latim é uma língua que apresentou variação diacrônica ao longo dos séculos e deu origem a diversas línguas românicas, como o português, o espanhol e o italiano.

2. Variação social ou diastrática

A variação social ou diastrática se refere às diferenças que ocorrem na língua em relação à classe social do falante.

Essa variação pode ser observada em aspectos como o vocabulário, a gramática e a pronúncia. Ela ocorre devido a fatores como educação, acesso à cultura, nível de renda, entre outros.

Exemplo: A pronúncia do português pode variar de acordo com a classe social do falante. Por exemplo, um falante de baixa renda pode pronunciar algumas palavras de forma diferente de um falante de classe média.

3. Variação geográfica, diatópica ou regional

A variação geográfica, diatópica ou regional se refere às diferenças que ocorrem na língua em relação ao local onde ela é falada.

Essa variação pode ser observada em aspectos como o vocabulário, a gramática e a pronúncia. Ela ocorre devido a fatores como a história, a geografia, a cultura, entre outros.

Exemplo: No Brasil, o vocabulário e a pronúncia do português variam de acordo com a região. Por exemplo, em algumas regiões do país, a palavra “ônibus” é pronunciada como “ó-ni-bus”, enquanto em outras regiões é pronunciada como “ô-ni-bus”.

4. Variação diamésica

A variação diamésica se refere, sobretudo, às diferenças que ocorrem na língua em relação à situação da comunicação.

Observa-se em aspectos como o vocabulário, a gramática e a pronúncia. Essa variação ocorre devido à influência do contexto comunicativo, como a formalidade ou informalidade da situação, o grau de intimidade entre os falantes, entre outros.

Exemplo: Na língua portuguesa, o vocabulário e a gramática podem variar de acordo com a situação comunicativa. Por exemplo, o uso da expressão “você” é mais informal do que o uso da expressão “o senhor/a senhora”.

5. Variação estilística ou diafásica

Por fim, a variação estilística ou diafásica se refere às diferenças que ocorrem na língua em relação ao estilo textual da situação comunicativa.

Assim, observa-se ela em aspectos como o vocabulário, a gramática e a pronúncia. Essa variação ocorre devido à influência do gênero textual, como o uso da língua em diferentes contextos, tais como literatura, publicidade, jornalismo ou conversas informais.

Exemplo: A linguagem utilizada em um texto literário é geralmente mais elaborada e rebuscada do que a linguagem utilizada em um texto jornalístico. Já a linguagem utilizada em uma conversa informal é mais coloquial e pode incluir gírias e expressões populares.

Qual é a importância do estudo da variação linguística?

O estudo da variação linguística é importante porque permite entender como as línguas evoluem e se adaptam às mudanças sociais e culturais.

Além disso, ele ajuda a compreender as diferenças entre as variedades linguísticas e a importância de cada uma delas para a construção da identidade cultural de um povo.

O que é o preconceito linguístico?

O preconceito linguístico é o julgamento preconceituoso sobre o modo como alguém fala, principalmente se a fala é influenciada por características culturais, regionais ou históricas do local em que a pessoa vive ou nasceu. Outras características, como etnia (indígenas, negros, pardos ou brancos) e gênero, também podem influenciar o modo de falar.

Assim, esse tipo de preconceito pode levar à exclusão social das pessoas que se expressam com linguagem regional, informal ou por meio de dialetos.

Além disso, pode gerar medo de se expressar ou de falar em público e prejuízos à autoestima porque a vítima de preconceito pode se sentir inferiorizada ou “menos inteligente”.

Diferença entre linguagem forma e informal

A linguagem formal e informal são variações da língua portuguesa em diferentes contextos.

Então, a linguagem formal está ligada ao uso das normas gramaticais e é mais utilizada em situações que exigem maior seriedade e respeito, como em documentos oficiais, trabalhos acadêmicos e entrevistas de emprego. Já a linguagem informal é mais livre e espontânea, sendo mais utilizada em situações cotidianas com amigos e familiares.

Exercícios sobre variação linguística

Questão 1. (Enem)

De domingo

— Outrossim?
— O quê?
— O que o quê?
— O que você disse.
— Outrossim?
— É.
— O que que tem?
— Nada. Só achei engraçado.
— Não vejo a graça.
— Você vai concordar que não é uma palavra de todos os dias.
— Ah, não é. Aliás, eu só uso domingo.
— Se bem que parece uma palavra de segunda-feira.
— Não. Palavra de segunda-feira é “óbice”.
— “Ônus”.
— “Ônus” também. “Desiderato”. “Resquício”.
— “Resquício” é de domingo.
— Não, não. Segunda. No máximo terça.
— Mas “outrossim”, francamente…
— Qual o problema?
— Retira o “outrossim”.
— Não retiro. É uma ótima palavra. Aliás, é uma palavra difícil de usar. Não é qualquer um que usa “outrossim”.

(VERÍSSIMO. L.F. Comédias da vida privada. Porto Alegre: LP&M, 1996)

No texto, há uma discussão sobre o uso de algumas palavras da língua portuguesa. Esse uso promove o(a)

a) marcação temporal, evidenciada pela presença de palavras indicativas dos dias da semana.

b) tom humorístico, ocasionado pela ocorrência de palavras empregadas em contextos formais.

c) caracterização da identidade linguística dos interlocutores, percebida pela recorrência de palavras regionais.

d) distanciamento entre os interlocutores, provocado pelo emprego de palavras com significados poucos conhecidos.

e) inadequação vocabular, demonstrada pela seleção de palavras desconhecidas por parte de um dos interlocutores do diálogo.

Resposta b)

O texto gira em torno de uma conversa informal, em que se discute o uso de palavras utilizadas em contextos formais. O humor decorre justamente desse contraste das palavras que são usadas segundo o campo de atuação — situações formais e informais, que em linguística é definida como Variação situacional ou diafásica.

Questão 2. (Fuvest)

“A correção da língua é um artificialismo, continuei episcopalmente. O natural é a incorreção. Note que a gramática só se atreve a meter o bico quando escrevemos. Quando falamos, afasta-se para longe, de orelhas murchas.”

LOBATO, Monteiro, Prefácios e entrevistas.

a) Tendo em vista a opinião do autor do texto, pode-se concluir corretamente que a língua falada é desprovida de regras? Explique sucintamente.

b) Entre a palavra “episcopalmente” e as expressões “meter o bico” e “de orelhas murchas”, dá-se um contraste de variedades linguísticas. Substitua as expressões coloquiais, que aí aparecem, por outras equivalentes, que pertençam à variedade padrão.

Respostas: 

a) A língua rege-se por regras. O que acontece é que a linguagem escrita exige um texto adequado ao seu contexto e o mesmo acontece com a linguagem oral, muitas vezes mais informal.

Por isso, o fato de se adaptar aos seus contextos não deve ser visto como desprestígio. As variações linguísticas existem e enriquecem culturalmente uma língua, de modo que não podem ser considerada uma forma errada de expressão.

A escrita de Monteiro Lobato, por exemplo, valoriza a oralidade, uma vez que ele aproxima a sua literatura do público infantil. Para ter o efeito que desejava, Lobato não deixou de escrever da forma como as pessoas se expressam oralmente, acreditando no enriquecimento cultural inerente às variações linguísticas.

b) “A correção da língua é um artificialismo, continuei episcopalmente. O natural é a incorreção. Note que a gramática só se atreve a palpitar quando escrevemos. Quando falamos, afasta-se para longe, de forma oprimida.”

03. (Enem 2018)

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
— “Paz no futuro e glória no passado.”
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

Hino Nacional do Brasil. Letra: Joaquim Osório Duque Estrada. Música: Francisco Manuel da Silva (fragmento).

O uso da norma-padrão na letra do Hino Nacional do Brasil justifica-se por tratar-se de um(a)

a) Reverência de um povo a seu país.

b) Gênero solene de característica protocolar.

c) Canção concebida sem interferência da oralidade.

d) Escrita de uma fase mais antiga da língua portuguesa

Resposta: b)

O uso da norma-padrão na letra do Hino Nacional do Brasil justifica-se por tratar-se de um gênero solene de característica protocolar. Isso significa que o hino é um gênero literário solene, utilizado em ocasiões especiais ou cerimônias oficiais, e que segue as normas padrões da língua portuguesa.

Fontes: Mundo Educação; Agatha EduToda matériaBrasil EscolaPortuguêsBrasil Escola

Bibliografia

  • Variação Linguística. Projeto agatha edu. Acesso em 14 de fevereiro de 2023

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